Política e economia no Brasil – cenários durante a crise
De fato, recuperar a confiança da população brasileira no meio de uma agenda reformista é difícil, especialmente depois de um longo período de crise. A recessão econômica que eclodiu entre 2014 e 2016 foi a pior e mais longa que o país já viveu.
Mais do que isso: a prolongada crise política do Brasil e a assombrosa recessão secaram oportunidades e este é um sentimento que ainda não deixou o coração dos brasileiros.
Globalmente, 2020 será um ano de abrandamento, quase estagnado para as economias mais desenvolvidas. Espera-se que os Estados Unidos cresçam menos de 2%, espera-se que a China diminua de 6,2% para 5,7% e que a economia mundial no seu conjunto, segundo estimativas do FMI e de outras instituições, cresça cerca de 3%.
São países emergentes de diferentes continentes, incluindo a América Latina, que ajudarão a fazer a diferença. Ainda assim, não deve acontecer nada de espectacular no próximo ano.
“O brasil certamente tem as melhores condições para o crescimento dos mercados emergentes, mas que ele precisa para realizar as necessárias reformas estruturais para organizar sua economia, reduzir seu déficit fiscal, aumentar a competitividade e adicione a segurança jurídica para atrair investimento”, disse Álvaro Bandeira, economista-chefe do Modalmais banco de investimento, para LABORATÓRIOS.
Para ele, se o país fizer as reformas necessárias e à velocidade requerida, ou seja, até 2020, “podemos surpreender positivamente (o mundo).””Os motores do crescimento estariam associados com os setores agrícola, de infraestrutura, De Construção, e uma contribuição relevante (do retorno) do consumo de produtos e serviços (por brasileiros)”, diz Bandeira. Estes sectores seriam também responsáveis pela criação de novos postos de trabalho.
Na semana passada, de acordo com o portal de notícias UOL, Diretor do Banco Central da Política Económica Fabio Kanczuk, disse o investimento deve vir como uma surpresa positiva em 2020 e crescer de 4,1%, impulsionado principalmente pelo mercado imobiliário.
Numa conferência de imprensa desta semana, Guedes disse que o governo terá duas prioridades em 2020: a reforma fiscal e o “Pacto Federativo”. Este pacto estabelecerá as novas regras que regem federal e de orçamentos regionais, e vai criar um conselho fiscal, composto pelo presidente, o chefe do supremo tribunal federal, os presidentes de ambas as casas do Congresso, o presidente do tribunal de contas e os governadores de estado, que vão supervisionar federal, estadual e municipal orçamentos. Este conselho zelaria por que os limites das despesas não fossem ultrapassados. Se isso acontecer, o Conselho terá o direito de intervir e impor limites fiscais. Entre a série de emendas constitucionais enviadas ao Congresso pela equipe de Guedes estão também medidas que permitiriam ao governo libertar mais do orçamento para gastos discricionários.
No que diz respeito à Reforma Fiscal, a ideia é que o projeto do governo para simplificar os impostos e reduzir a carga fiscal no país pode adicionar outras ideias já em discussão no Congresso. Entre estas ideias está a extinção de dois impostos federais (PIS e Cofins), que seriam adicionados a um novo imposto tipo IVA, juntamente com uma redução nos impostos sobre os salários.